Boas Festas

Desejamos a todos Boas Festas.

PROJECTO CORRENTE RIO LEÇA - VIAGENS NO TEMPO


Por entre Pontes e Moinhos num percurso

pedestre ao longo do rio Leça
                                               
Fomos gentilmente convidados pelo Artur Branco (Eng.º do Ambiente na Câmara Municipal da Maia) a participar numa caminhada num pequeno percurso ao longo do rio Leça, em Águas Santas, inserido no Projecto Corrente Rio Leça – Viagens no Tempo e conhecendo também um pouco sobre a história dos moinhos, na sua maioria do séc. XIX.
 
No dia 30 de Novembro, num dia radioso de Sol e um frio de cortar a respiração, um punhado de bravos foram descobrir um passado etnográfico e um património natural que urge preservar e dar a conhecer.
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Alvéola-cinzenta
Por entre pontes e lugares mágicos de árvores autóctones conseguimos também vislumbrar algumas aves no nosso percurso. Com um olhar perspicaz e atenção redobrada podemos descobrir a Alvéola-branca, mais comum e conhecida popularmente como lavandisca, frequenta águas doces interiores campos e jardins, assim como a Alvéola-cinzenta, menos comum mas também bela e elegante. É claro e aquelas mais comuns mas não menos importantes como o Pardal, a Rola-turca, a Pega, o Melro, o Verdilhão, o Chamariz, o Rabirruivo e o Pato-real.


Seguimos em frente tendo sempre como companhia as águas do rio Leça, rio este que ajudou as terras da Maia a serem vistas como uma terra fértil e mais tarde, com o evoluir dos tempos e das técnicas, uma terra que soube aproveitar o relevo acidentado, os declives elevados e os vales fluviais, fortemente encaixados, que favorecem o aumento da velocidade das águas do rio e que foram factores fundamentais no aproveitamento hidráulico por parte dos moinhos. Passamos pela ponte de Ardegães com moinhos ainda habitados.
 
Mais uns metros e encontramos a chamada casa do Lage (nome do fundador da indústria Milaneza, agora Cerealis), onde era feita a moagem de grão. Estes moinhos, de características muito especiais, estão ligados por uma ponte sobre o rio Leça encontrando-se no entanto num grande estado de degradação.
 



Ao longo do nosso percurso encontramos outras preciosidades, não tão imponentes, um pouco menos exuberantes mas de uma beleza tão particular que só a natureza nos pode oferecer. Os fungos dependem de outros seres vivos para se alimentarem. Quando se alimentam de matérias orgânicas mortas são chamados de fungos decompositores, como este cogumelo, cujo nome desconheço, mas que tem a aparência de uma delicada flor.
 

Mas outras há cuja exuberância de cores, formas e características merecem toda a nossa atenção. Existem cerca de 20.000 espécies de borboletas em todo o mundo mas a diversidade entre elas é magnífica com padrões diferentes de cores e cada uma delas com diferentes formas de asas. Não é possível observar uma borboleta e descrever aquilo que estamos a observar por palavras, é pura magia. No nosso percurso encontramos esta linda borboleta, que se dá pelo nome de Almirante vermelho, aquecendo-se ao Sol num belo dia de Outono.

 

Fomos desbravando caminho até fazermos uma pausa para um saboroso café na Casa do Arco, um conjunto de moinhos e casas agrícolas dos séculos XVIII e XIX, situado num lugar lindíssimo onde as pequenas cascatas nos deslumbram com o constante sussurro por entres as pedras moldadas pela corrente deste inquieto rio.
 
 
Pesquisando um pouco da história dos moinhos da Maia, “…nos finais do século XIX surgem os moinhos num total de 61, sendo 58 moinhos de água, 1 de vento e 2 moinhos a vapor, num total de 354 mós. A existência de tantas mós explica-se pela força do caudal do rio Leça, pois há moinhos com dez, doze ou mesmo quinze pares de mós.” Os moinhos do rio Leça moíam não só para venda de farinha e troca de milho por farinha para as padarias do próprio concelho, como para as do Porto, Foz, etc.
 
Seguindo caminho por ruas de Milheirós e junto às margens do rio, encontramos os Moinhos de Alvura e que, tal como outrora, continuam a laborar.
Este é o rodízio que faz girar a mó do moinho…
  
… e o rodízio já em perfeita actividade. 
 

“O trabalho nos moinhos era uma actividade muito trabalhosa e necessitava de muita atenção - fazer boa farinha era uma arte – conhecer a farinha que fugia por entre os dedos era o reconhecimento dessa arte.”
De referir mais uma vez as aves que davam ares da sua graça à nossa passagem como a Garça-boeira e este nosso amigo o Maçarico-das-rochas, que, curioso com a nossa presença decidiu posar para a foto acreditando também no seu mimetismo. 
Maçarico-das-rochas
Obrigada a todos pelo convívio e aos técnicos municipais que nos deram a conhecer a etnografia, o património natural e a vivência das gentes que fizeram do rio Leça e dos moinhos o seu ganha-pão ao longo das gerações.
 
E foi assim que estes bravos acabaram esta jornada, numa confraternização salutar e com um manjar digno dos deuses. Agora com as forças restabelecidas era tempo de nos fazer novamente a caminho em sentido contrário…estou a brincar…fomos todos de rodinhas até ao ponto de partida e com a certeza de uma manhã muito bem passada na companhia de todos os participantes.

Até à próxima!
Texto: Teresa Rocha